quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Aula 8 - Métodos e Instrumentos na Avaliação de Desempenho

Bergamini (1992) apresenta dois grupos de instrumentos: os de avaliação direta ou absoluta, em que o indivíduo é considerado o "centro de interesse" do avaliador, sendo observado seu padrão de desempenho em contraposição ao que é desejável no seu trabalho.  O segundo grupo diz respeito à avaliação relativa ou por comparação, em que o indivíduo é posicionado num grupo de trabalho (sua equipe) e verificado seu "nível de eficiência".  Considera a escolha de um desses métodos como sendo "Parcial e perigosa", afirmando haver necessidade de uso dos dois grupos.

Para o primeiro grupo, os instrumentos mais conhecidos são:

a) Relatórios Verbais: descreve-se o comportamento de cada indivíduo no trabalho.
b) Relatórios Escritos: descreve-se o "comportamento" de cada indivíduo, sob forma de relatório.
c) Composição de Gráficos Analíticos: a partir de um conjunto de critérios pré-estabelecidos, o avaliador apenas identifica onde se enquadra o avaliado.  Liga-se os pontos e tem-se uma descrição do perfil do avaliado.
d) Padrões Descritivos: a partir de um conjunto de características de cargos específicos, o avaliador deverá apontar a afirmativa que "melhor descreve o avaliado".
e) Lista de Verificação: a partir de uma série de frases, o avaliador deverá identificar as que "melhor descrevem o avaliado".

Para o segundo grupo, os instrumentos mais conhecidos são:

Sistema de Classificação: o avaliador terá que identificar no grupo o melhor e o pior dos indivíduos, dentro de uma escala. 
Comparação Binária ou por Pares: o avaliador compara o avaliado com outro do grupo, fiem cada traço ou característica de desempenho".
Sistema de Avaliação Forçada: utilizada especialmente com grandes grupos e pela dificuldade de se usar a Comparação Binária.  O avaliador deve agrupar os avaliados em conjuntos semelhantes e a partir de uma escala, compará-los.

Chiavenato (1994, p.269), ao discutir os métodos de avaliação de desempenho, observa que as técnicas podem variar de empresa para empresa bem como dentro de cada uma delas. o que importa efetivamente é que o modelo utilizado atenda os objetivos a que se propõe.  Ressalta, com base na argumentação de R.K.Stolz, que "as avaliações de desempenho, para serem eficazes, devem basear-se inteiramente nos resultados da atividade do homem no trabalho e nunca apenas em suas características de personalidade". 
Com relação aos métodos possíveis de serem usados pelas organizações, Chiavenato, com base em Huse e Bowditch, divide em dois grupos, a exemplo de Lucena(1992), com as seguintes características: os de medidas objetivas e os de medida subjetiva. 
No primeiro grupo, tem-se o uso do absenteísmo e da produtividade e no segundo grupo, destacam-se as técnicas da Escala Gráfica; das Listas de Verificação; das Escalas de Escolha Forçada; das Escalas de Incidentes Críticos; do Método de Classificação e do método de Distribuição Forçada. 
Uma outra técnica, distinta das apresentadas nos dois grupos citados é sugerida e refere-se a Simulações.  Nesse método, avalia-se o indivíduo a partir de exercícios de simulação. 
Thomas e Bretz, Jr. (1994), a partir da pesquisa da Cornell University, apresentam a estratificação constante da tabela a seguir:



CARGOS


GERENCIAMENTO POR OBJETIVOS

ESCALAS GRÁFICAS
ESCALAS BASEADAS EM COMPORTAMENTOS

OUTRAS FORMAS

GERENTES

80

16

SR


4


PROFISSIONAIS


70

23

SR


7

NÃO EXEMPLIFICADO

31

32


14


23


SR = Sem Referência

MULTIANÁLISE DO DESEMPENHO E DO POTENCIAL
Uma Nova e Revolucionária Metodologia de Gestão Participativa

A multianálise tem como base todos os elementos da arquitetura organizacional. Sua metodologia está orientada ao atendimento dos clientes interno e externo e passa pela consideração dos fatores organizacionais das instituições promotora e cliente de um determinado produto (bens e serviços).  Sua visão é sistêmica e multifatorial. Ao se definir o contrato de desempenho, a equipe de multianálise delineará seus objetivos em consonância com os fatores organizacionais mais estáveis - valores, crenças, missão, objetivos, políticas e estratégias gerais, bem como com os componentes organizacionais menos estáveis estruturas formal e informal, trabalho, tecnologias, informações, sistemas, capacidades e estilos de lideranças. 
Embora a metodologia funcione em configurações tradicionaisestrutura piramidal os resultados serão mais auspiciosos se aplicada a equipes enxutas de trabalho. 
Uma universidade, por exemplo, pode configurar o programa de ensino-aprendizagem e a multianálise do desempenho através das células de trabalho.  No nível micro, uma pequena equipe pode administrar uma turma específica, vamos supor, a turma 1996-1999, enquanto outra gerencia a turma 1997-2000 e sucessivamente.  Assim, cada equipe delineará, com os representantes dos alunos - a partir da análise do ambiente, os objetivos, as tecnologias de ensino-aprendizagem e de avaliação dessa relação e, desenham o conteúdo programático respeitando-se, sempre, as exigências legais.  Estas definições configurarão o contrato psicológico de desempenho com base no qual a continuação de multianálise terá vigor. 
É fundamental que o draft do programa seja configurado como um plano,flexível de trabalho, ou seja, cada professor terá liberdade de discutir com seus alunos aspectos específicos de suas metodologias de ensino e fazer ajustes que não mudem significativamente o desenho do programa geral. 
Recomenda-se que a comissão seja enxuta, isto é, entre cinco a oito membros. É importante que as representações, tanto dos professores como a dos alunos, estejam em sintonia com seus representados em todo o percurso. 
Os principais objetivos e atividades que podem ser traçados para que a relação ensino-aprendizagem se fortaleça, em termos de expectativas e de sua efetivação, são:
(a)    percentual de assimilação de conhecimentos;
(b)   ponderação do desenvolvimento de habilidades e atitudes;
(c)    freqüência e tempo para revisão do plano de trabalho;
(d)   percentuais, atualidade e relevância do conteúdo trabalhado em sala de aula e extra sala de aula;
(e)   volume de trabalhos e pesquisas sob a responsabilidade dos alunos;
(f)     volume mínimo de leitura;
(g)    participação ativa em sala de aula;
(h)   assiduidade e pontualidade;
(i)      adequação das técnicas de ensino;
(j)     conteúdo do material disponibilizado-indicado;
(k)    qualidade das explicações;
(l)      aplicação do planejamento;
(m) propriedade das estratégias de avaliação;
(n)   disponibilidade e qualidade dos recursos didáticos;
(o)   adequação da carga horária;
(p)   qualidade das instalações e
(q)   outros fatores que interferem favorável ou desfavoravelmente na relação ensino-prendizagem. 

Como podemos observar, os fatores exemplificados incluem os seguintes aspectos:
(1)    Objetivos dos envolvidos - letras a e b;
(2)    atividades das partes, principalmente as que se referem às responsabilidades dos alunos - letras c a h,
(3)    qualidade do trabalho, principalmente a relativa às ações do professor - letras i a n;
(4)    administração e apoio logístico, - letras o a q

5 - MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO

A rigor, quando se trata de medir desempenho, procura-se informações sobre um período passado e de acordo com Sink e Tuttle (1993), esbarra-se em uma série de "paradigmas" e "barreiras".  As considerações levantadas pelos dois autores e que, de forma comum, são referenciadas por aqueles que tratam da ADRH, dizem que:

a)            Os processos de medição são vistos como ameaça;
b)           Os processos são intimidadores;
c)            Os processos são imprecisos;
d)           Os critérios são amplos;
e)           Outros.

De certa forma, como mostram Thomaz e Bretz, Jr. (1994), com os relatos da pesquisa (Ver Tabela), o processo de medição de desempenho caminha sobre uma linha tênue, onde os agentes envolvidos apresentam-se em lados opostos.  Essa característica, como pode-se observar ao longo deste Capítulo, marca de forma crítica o processo de avaliação e concorre para o insucesso.  A propósito, as observações apontadas na Tabela, mostram tal viés.  A falta de "sintonia" entre gerentes e suas equipes, transforma o processo em "ajuste de contas", como já mencionado. 
A razão básica dessa situação, a principio, é óbvia, porém, as diferenças entre os métodos utilizados para a medição do desempenho são determinantes para a confusão. 
Nesse sentido, é lamentável a pouca evolução dos estudos da ARH.  A letargia verificada não condiz com as transformações das formas de administração dos negócios, tampouco com as tecnologias que cercam os trabalhadores de um modo geral.
Sink e Tuttle (1993) apresentam algumas idéias que, tratando-se da medição de desempenho, necessitam ser analisadas e, tanto quanto possível, usadas como referência ao desenvolver-se um processo de Avaliação de Desempenho de Recursos Humanos.  As principais são relacionadas a seguir:

a) Os processos de medição devem apontar para atividades desenvolvidas pelas pessoas, sem que permita dúvidas ou interpretações equivocadas;
b) Mesmo quando tratar-se de medidas objetivas não significa que a precisão deva estar presente.  A preocupação reside na confiabilidade das informações, sobretudo pelas diferenças existentes nos processos de trabalho e nos resultados;
c) Não se deve dar ênfase a um indicador apenas.  Tal aspecto deve ser considerado, evitando-se que, ao enfatizar-se apenas um indicador, outros aspectos relevantes sejam negligenciados e transformem ainda mais o desempenho do sistema.  Além disso, se o fator destacado não tiver significado considerável para o processo, há um deslocamento de foco e as informações obtidas serão inservíveis para a Avaliação de Desempenho.

De modo a dar à questão da medição a importância devida, é essencial que ao tratar-se da medição do desempenho, haja uma compreensão do que seja o desempenho pretendido e quais os diversos critérios ou dimensões do mesmo. A medição do desempenho é, portanto, uma etapa significativa, principalmente porque, de modo tácito, tem-se um conjunto de requisitos que previamente precisam ser especificados e desenhados.  Com bastante propriedade, os autores destacados fazem uma analogia dos sistemas organizacionais com um avião.  Isto é, os instrumentos de navegação não são projetados durante o vôo.  As medições ocorrem antes, durante e depois de um vôo.  Os detalhes são "Pensados" previamente.

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